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Channel: Pacto pela Restauração da Mata Atlântica
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Miriam Prochnow: “dialogando com todos, as oportunidades de implementar parcerias aparecem”

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CRAQUES DA RESTAURAÇÃO: a ambientalista e ativista climática Miriam Prochnow destaca a importância das parcerias com a iniciativa privada através da certificação de produtos e adequação de imóveis rurais, ampliando atividades de restauração.

Fundadora da Apremavi e personalidade ambiental, Miriam Prochnow é a entrevistada desta edição da série Craques da Restauração.

A entrevistada de setembro é a catarinense Miriam Prochnow, uma das fundadoras da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida – Apremavi, Unidade Regional do PACTO no estado.

Miriam possui uma rica trajetória de criação, coordenação e participação em conselhos de diversos grupos e colegiados, como  FEEC, CONAMA, RMA, Diálogo Florestal, Grupo Estratégico da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, Avina, Fundo Casa, entre outros. A liderança ambiental é também fotógrafa, produtora e locutora de vídeos, além de autora de publicações e livros voltados à educação e ao meio ambiente.

Sua trajetória mais detalhada pode ser conferida no seu site: https://miriamprochnow.com.br

Na série ‘Craques da Restauração’, Miriam nos conta sobre o início de sua trajetória e destaca a urgência de integrar iniciativas e ampliar atuações pela restauração, a partir de um número maior de pessoas engajadas: “Se atuarmos com a urgência que o momento pede, imagino que temos uma oportunidade única de mudar o curso catastrófico que se apresenta.”

Confira a íntegra da entrevista.

1 – Como você se aproximou da restauração de ecossistemas e quais suas principais experiências no setor?

Minha experiência com restauração começou em 1986, quando eu e meu marido compramos uma área para construir nossa casa e vimos que a mata ciliar estava degradada. Foi a primeira área que eu ajudei a restaurar e tivemos que experimentar tudo, já que naquela época não existia o conhecimento que temos hoje, nem viveiros com mudas nativas. Atualmente, quando as pessoas nos visitam quase não acreditam que a floresta do lado de nossa casa foi plantada.

Naquela época ocorriam grandes desmatamentos na Mata Atlântica e isso nos indignava, tanto que, em 1987, criamos a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida. A Apremavi nasceu com o lema “boca no trombone e mão na massa: denunciando as agressões ambientais, mas também oferecendo soluções”. Uma dessas soluções é o viveiro de produção de mudas nativas Jardim das Florestas, do qual sou uma das idealizadoras. Começamos com 18 mudas no fundo do quintal da nossa casa e hoje o viveiro tem capacidade para produzir mais de 1 milhão de mudas por ano, de 200 espécies diferentes. Assim começou minha trajetória de mais de 35 anos de experiência em coordenação de organizações da sociedade civil e execução de projetos de conservação da natureza, restauração de ecossistemas e uso sustentável dos recursos naturais.

2 – O que você espera da Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas (2021-2030) na Mata Atlântica e no combate à mudança climática?

Estamos a apenas sete anos de 2030 e ainda temos muito trabalho a ser realizado. Precisamos ampliar nosso apelo e conseguir um número muito maior de pessoas engajadas na proteção, revitalização e restauração de ecossistemas do mundo todo.

Se atuarmos com a urgência que o momento pede, imagino que temos uma oportunidade única de mudar o curso catastrófico que se apresenta. Vai ser imprescindível integrar todas as iniciativas já existentes, para que a restauração se torne uma prática comum em todos os lugares do mundo e da qual todas as pessoas e instituições queiram fazer parte.

Está claro que a restauração é uma das formas mais eficientes de se combater os efeitos das mudanças climáticas e nós já temos muito conteúdo produzido, além de metas estabelecidas. O que falta é colocar a mão na massa para a concretização dessas metas.

3 – Como atrair mais parcerias entre os diversos setores, inclusive iniciativa privada, para ampliar a escala das ações de restauração?

Nós precisamos olhar para os diversos territórios e dialogar. Precisamos integrar as soluções baseadas na natureza, que têm a ver com o redesenho e o planejamento das paisagens. Pensar o território com olhar de drone e visão de libélula: do alto com a complexidade exigida e onde cabem todos os atores e setores existentes naquele território, mas cabe também a natureza. Quando conseguirmos fazer essas análises, dialogando com todos, as oportunidades de implementar parcerias aparecem.

No caso da iniciativa privada, existem muitas formas de se implementar ações de restauração baseadas no atendimento das necessidades do próprio setor, em conjunto com as necessidades dos atores com os quais cada setor trabalha, como, por exemplo, empresas que trabalham de forma integrada com proprietários rurais e que necessitam de certificação dos seus produtos. Projetos de planejamento e adequação ambiental de imóveis rurais, que aliam atividades de restauração têm mostrado resultados incríveis, sendo também um modelo que pode ser facilmente replicado.

Uma outra fórmula de sucesso são os projetos que desenvolvem ações de pagamento por serviços ambientais e que têm um potencial muito grande de execução em conjunto com a iniciativa privada, a exemplo dos projetos de carbono.

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