LANÇAMENTO: Inteligência Artificial, drones e imagens de satélite são novos aliados na restauração florestal para democratizar o acesso ao monitoramento.
Por Rafael Albuquerque e Julio Tymus:
A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o decênio 2020-2030 como a Década da Restauração de Ecossistemas, destacando a importância e urgência deste tema para o planeta. Diante das grandes demandas por restauração, é crucial otimizar esforços de monitoramento para garantir que os objetivos dos projetos sejam alcançados.
O monitoramento, etapa fundamental dos projetos de restauração florestal, permite avaliar indicadores que medem a trajetória ecológica da área em recuperação, verificando se a restauração está progredindo adequadamente e se a vegetação está se recuperando de forma eficaz.
Monitorar o sucesso dos projetos de restauração torna-se, portanto, um desafio global que encontra obstáculos como logística complexa, áreas remotas, custos elevados e o tempo necessário para avaliações de campo (embora as avaliações em campo utilizem algumas tecnologias, estas ainda não estão totalmente integradas ao processo).Ferramentas como drones, imagens de satélite e inteligência artificial têm potencial para melhorar significativamente a qualidade, escala e frequência do monitoramento, por meio da coleta e análise de dados. Contudo, sua utilização ainda não é amplamente difundida.
Com isso em mente, o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e a Aliança pela Restauração na Amazônia, em parceria com a The Nature Conservancy (TNC) Brasil, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), a Universidade Federal de Goiás (UFG) e outras instituições, elaboraram o Protocolo de Monitoramento da Restauração da Mata Atlântica e da Amazônia via Sensoriamento Remoto.
Este protocolo visa democratizar o conhecimento, fornecendo orientações para todos os envolvidos na restauração. Ele mapeia recursos tecnológicos validados, como produtos do MapBiomas e Google Earth Engine, para um monitoramento ecológico acessível, e detalha o uso de drones com sensores passivos e ativos para mapear a superfície terrestre em alta resolução. O protocolo distingue produtos amplamente funcionais daqueles que requerem mais Pesquisa e Desenvolvimento (P&D): produtos funcionais podem ser utilizados de forma conservadora e generalizável, enquanto produtos que demandam mais P&D são citados para consulta por especialistas. Estes produtos em desenvolvimento foram adicionados a um roadmap de geotecnologias, que acompanhará a transformação das soluções promissoras em produtos funcionais. À medida que novos produtos funcionais sejam desenvolvidos ou os atuais sejam aperfeiçoados, novas versões do protocolo serão lançadas.
É importante ressaltar a imprescindibilidade do monitoramento tradicional de parcelas de campo. Informações fundamentais a longo prazo continuarão sendo obtidas apenas por meio dessas atividades. O Sensoriamento Remoto pode ampliar a escala das informações coletadas, mas dependerá das parcelas de campo para um diagnóstico completo e para gerar dados sobre áreas não amostradas.
Lançado pelo Pacto em 2013, o Protocolo de Monitoramento para Programas e Projetos de Restauração Florestal tornou-se uma referência essencial, sendo adotado na Resolução SMA Nº 32 de 03/04/2014 de São Paulo e em outros documentos. Este novo protocolo – com a inovação característica do Pacto e da Aliança – visa beneficiar tanto os profissionais de restauração de ecossistemas quanto as políticas públicas que fomentam projetos de restauração, melhorando eficiência, transparência, escala e governança em todo o processo.
O PROTOCOLO DE MONITORAMENTO DA RESTAURAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA E DA AMAZÔNIA VIA SENSORIAMENTO REMOTO está disponível para download gratuito em nosso acervo do site.
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